A AES Eletropaulo consolidou, em 2005, as bases de
sua estratégia de longo prazo. Como ocorre na maior parte
das companhias, esta estratégia pressupõe a existência de
várias metas concretas a serem atingidas.
O objetivo final, porém, é incorporar à AES Eletropaulo
o conceito de sustentabilidade, o que significa fornecer-lhe
condições para apresentar resultados consistentes,
qualquer que seja o ângulo de avaliação: econômico/financeiro,
administrativo, operacional, comercial, social ou ambiental.
E isto implica em tomar providências internas direcionadas
à eficiência e à excelência, sem abrir mão da relação proativa
e calcada no respeito e na interação com todos os públicos-alvos:
acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidade,
poderes públicos e órgão regulador, entre outros.

Ocorre que este objetivo, de longo prazo e fixado em 2004
quando teve início a profunda reestruturação administrativa
e financeira, configurou-se como fato já no exercício de 2005.
É verdade que de forma ainda distante daquela que os executivos
da companhia consideram ideal – e que deverá ser atingida
ao longo dos próximos anos. Mas suficiente para estar
representada em números e na maneira positiva como
a empresa passou a ser percebida, seja pela opinião pública
seja por segmentos específicos de interlocutores.

Uma das provas visíveis desta constatação, diretamente
relacionada ao mercado de capitais, foi a inserção da
AES Eletropaulo no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Lançado em
dezembro de 2005, o indicador teve origem em pesquisa que
levou em conta tanto as práticas de governança corporativa
quanto o desempenho global das companhias.

Sob este ponto de vista, um fato exemplar foram os
provisionamentos realizados no ano, dos créditos a receber da
Prefeitura Municipal de São Paulo, referentes ao fornecimento
de energia elétrica e serviços prestados entre 1996 e 2003 e
da Recomposição Tarifária Extraordinária (RTE), referente
a seu prazo de recuperação. No valor total de R$ 523,3 milhões,
estas provisões foram um dos principais fatores a provocar
um prejuízo líquido de R$ 184,4 milhões no exercício de 2005.
Não fossem elas, o resultado final teria sido um lucro
próximo a R$ 80,2 milhões. Mas a opção por estes
provisionamentos, ainda que tenha tido impacto negativo
no resultado de 2005, proporcionará, no futuro,
resultados mais consistentes e, em conseqüência,
maior transparência nas demonstrações financeiras.

Note-se, ainda, que o tratamento dado aos débitos contraídos
pelas prefeituras não foi uma questão isolada. Inseriu-se na
estratégia global da companhia que tem, como uma de
suas prioridades, a melhoria no perfil da arrecadação das
contas e a redução da inadimplência. Resultado destes esforços –
que envolvem a negociação intensiva com consumidores,
qualquer que seja a sua categoria – também foi visível em 2005.
Atualmente, a AES Eletropaulo tem uma das mais altas taxas
de arrecadação do setor elétrico: 99,0%, sendo 98,8% no
Setor Privado (Classe Residencial, Comercial, Industrial e Rural)
e 102,6% no Setor Público.

Em outras palavras: se a preocupação com a transparência
dos resultados financeiros pode ser observada em decisões
como a constituição das provisões, os esforços para a obtenção
de um desempenho econômico estável e consistente são visíveis
em programas de caráter global, desenvolvidos, atualmente,
por todas as áreas da companhia.

Alguns deles, assim como ocorreu com a redução de
inadimplência, já apresentam resultados visíveis.
Um exemplo é o trabalho de retenção de clientes livres,
que exigiu a adoção de uma série de medidas para
aperfeiçoamento da prestação de serviços e orientação
ao cliente simultaneamente à melhoria da qualidade e
confiabilidade da energia fornecida. Pesquisa recente
mostrou que a AES Eletropaulo foi uma das distribuidoras
que menos perdeu clientes para o mercado livre.
Apenas 13,3% do total de energia elétrica que transita por
suas redes é destinada a este tipo de consumidor,
enquanto a média do setor está em 20%.

Outros programas, ainda em fase de maturação,
terão visibilidade a partir de 2006, seja nos resultados
econômico/financeiros, seja na eficiência da companhia.
É o caso do programa de consolidação financeira,
da regularização das ligações clandestinas e da implantação de
medidas que visam a redução de custos por meio da sinergia
com as demais empresas do grupo AES no Brasil.
É também o caso das inovações tecnológicas nas
áreas administrativa e operacional em fase de implantação –
cujos efeitos poderão ser observados sob a forma de ganhos
de eficiência e melhoria da qualidade da energia distribuída.

Se estas ações seguem por vertentes diversas, na essência têm
variáveis em comum. Entre elas, a preocupação de beneficiar
todas as partes envolvidas no processo e não só a companhia –
e aqui um bom exemplo é a regularização das ligações
clandestinas, que deixou de ser um programa eminentemente
técnico para transformar-se em programa social.
Para a AES Eletropaulo, a implantação desta característica
é a prova cabal de que é possível ser uma empresa rentável e,
ao mesmo tempo, social e ambientalmente responsável.
E é por acreditar ser possível cumprir sua vocação básica de
geração de resultados e, ao mesmo tempo, beneficiar a
todos os grupos de interlocutores, que a companhia investe,
cada vez mais, no conceito de sustentabilidade.


Eduardo José Bernini
Diretor-Presidente